Conheça a história do(s) Think Sea

Em sua 15ª edição o Troféu das Ilhas vai homenagear um barco que marcou história na vela de Ubatuba. O Think Sea, que na década de 1980, foi um dos pioneiros veleiros da região a disputar regatas conceituadas pelo litoral, não demorando a se sagrar um grande vencedor.

“Foram, na realidade quatro ‘Think Seas’. Comecei com um Multimar 31. Eu era sócio do Ubatuba Iate Clube, em uma época em que na Ribeira havia apenas o Píer da Sudelpa (píer da Aumar). Minha história na vela começou com meu amigo Hélio Setti. O Vagabundo, com o qual ele deu a volta ao mundo, foi o primeiro veleiro em que eu entrei. Daí peguei gosto e logo comprei o primeiro Think Sea”, relembra Rubens.

Corria a década de 1980 e Rubens logo convidou alguns velejadores que ainda hoje estão ativos aqui em nossas regatas para integrar a tripulação: Claudinei “Capa Gato” e Zequinha Reis. A eles logo se juntaram os irmãos Manfred e Renato Kaufmann. “E também a velejadora Maria Adélia”, ressalta Rubens.

Zequinha Reis, logo se tornou marinheiro e um dos mais assíduos tripulantes do barco:

“O Rubens queria velejar em Ilhabela com o seu Velamar 31, justamente o Think Sea, mas ele não tinha uma tripulação. Foi quando nos convidou a formar a equipe do barco. Aí começou a minha história no think Sea.

Ele já era sócio do Ubatuba Iate Clube, onde o barco ficava e, daí em diante eu e Capa passamos a ser os proeiros do think Sea”, relembra Zequinha.

“Logo depois se integraram à equipe os irmãos Kauffmann, (Manfred e Renato). Com eles corremos algumas regatas com o Velamar 31, mas logo o Rubens troucou o barco pelo Velamar 34 e já no ano em que foi lançado ao mar, em 1988, fomos campeões paulista e também Brasileiros, um campeonato realizado em Búzios.

“Na verdade o Velamar 34 foi feito sob medida para nós”, recorda-se Rubens. Fomos diversas vezes ao Rio, eu e o Renato Kaufmann, para acompanhar sua construção, a posição das catracas, dos stoppers, enfim, para que tudo ficasse do jeito que o Renato, principalmente, queria. Com ele velejamos muito e ganhamos muitas regatas”, conta Rubens.

Depois desta experiência com os dois Velamar e com uma equipe entrosada e já acostumada conquistas, foi a hora de trocar por outra embarcação, mais leve e veloz, como lembra Zequinha:

“O antigo “Manos Too” foi comprado pelo Rubens em Ilhabela. O barco estava meio abandonado e passou por uma pintura para ficar todo branco e receber o nome think Sea.

A tripulação permanecia a mesma. Quase não trocávamos. Só quando um ou outro tinha algum compromisso familiar. Às vezes eu deixava a proa para timonear. Quando o Manfred não estava eu passava para o leme e o Capa fazia proa”, recorda Zequinha.

Em um artigo chamado “Think Sea, o prazer de competir”, Renato Kaufmann narra as primeiras impressões que teve ao conhecer o barco:

“Tudo começou em setembro de 1987, durante uma regata em Ubatuba, quando nosso grande amigo e comandante Rubens “Zezé” Azevedo, convidou-nos, meu irmão Fips e eu, para fazermos parte da tripulação do Think Sea, um Velamar 31″. Nunca havíamos velejado tal barco e não conhecíamos o potencial do barco e da tripulação. Tomamos um grande susto ao entrarmos na cabine e deparararmo-nos com panelas, cobertores, lençóis e mantimentos para mais de uma semana. Após convencermos o Zezé da necessidade de aliviarmos peso e de alguma regulage no mastro, fomos para a raia e acabamos vencendo a série”.

“Foi bem assim mesmo”, diverte-se Rubens. Eles me convenceram a aliviar peso no barco e fomos para as regatas. Começava ali um período de grandes velejadas com uma equipe unida que durou nove anos”.

“Tive ainda um outro Think Sea, um MB 45, mas já para cruzeiro. As coisas vão mudando, filhos crescem e acabei me afastando das regatas. Mas depois do Think Sea, ainda velejei com o Tutinha e o Zequinha no HPE25 Pânico”, conta Rubens.

Para o diretor de vela do Ubatuba Iate Clube, Alex Calabria, existe sempre espaço para lembrar que, ao contrário do que se fala, Ubatuba é, sim um polo importante de desenvolviento da vela:

“A partir deste ano decidimos homenagear barcos e tripulações de Ubatuba que marcaram época ao vencer competições e representar nossa cidade por onde passaram. Essas homenagens começam com o ThinkSea e sua tripulação, que se destacaram como os mais vitoriosos, nas décadas de 80 e 90, trazendo grande orgulho para todos nós. Suas conquistas mostram o quanto nossos velejadores são técnicos e bem preparados, algo que é fruto das características singulares da nossa região”, completa Alex.

Ah e para finalizar, Rubens conta que o nome do barco se originou em seu filho: “foi ele quem primeiro falou ‘Think Sea’. E assim ficou. O grafismo do nome foi inspirado em um barco francês chamado “French Kiss”, um classe 12 metros, construído entre1985 e 1987 para a America’s Cup daquele ano.

Assim como o Think Sea construiu sua história na vela nacional há quase quarenta anos, hoje a gente tem a oportunidade de construir a nossa própria história na vela. A vela de Ubatuba mais uma vez mostra a sua força, juntanto, até o momento, 30 barcos para o Troféu das Ilhas. Tá quase chegando a hora!

Em sua edição 2024 o Troféu das Ilhas vai homenagear um barco que tem sua tradição ligada à vela de Ubatuba. Na verdade mais do que um barco, um “time” que tripulou quatro “Think Seas”, uma história que começa em 1986, com o primeiro, um Multimar 31, passa pelo Multimar 34, pelo Main, também 34 e se encerra com um MB 45.

Fomos conversar com os protagonistas desta história e ainda que a gente já tenha falado antes da homenagem, conversamos com Rubens “Zezé” Azevedo, com Zequinha Reis e resgatamos as memórias de Renato Kaufmann para contar brevemente a história do(s) Think Sea, que você pode ler em detalhes no site do Ubatuba Iate Clube.